sexta-feira, fevereiro 02, 2007





  • "Para mim só há duas posições admissíveis: a dos que defendem a despenalização do aborto (nas primeiras dez semanas é melhor que nada, meu caro Marcelo Rebelo de Sousa) e a posição oficial da Igreja Católica, que entende que a própria lei actual também não respeita a vida. Perante este claro dilema, sempre me surpreendeu a facilidade de muitos partidários do "não" em aceitarem que em caso de violação da mãe o aborto seja admissível, como se a protecção do feto enquanto ser vivo dependesse do circunstancialismo de resultar de sexo desejado ou forçado. Os argumentos devem ter um mínimo de coerência e lógica.
    (...)
    Sempre me surpreendeu também que os defensores do "não" venham dizendo que o aborto não deve ser penalizado, visto que ninguém é punido realmente, apesar de a lei o determinar. As leis devem ser cumpridas. Se as condições sociológicas para a sua aplicação não existem de forma consistente e contínua, devem ser alteradas.
    (...) o cardeal-patriarca foi luminoso, recusando a solução dos que querem que seja um crime sem sanção."

José Manuel Júdice in Jornal Público, 2/2/2007



  • "Convenhamos ainda que, sendo essa instituição ( referindo-se à Igreja Católica) dirigida exclusivamente por homens celibatários, que consideram que as mulheres não têm dignidade suficiente para aceder aos ministérios ordenados, há qualquer coisa de profundamente inquietante nesta atitude. Não perceberão que um grupo de homens que, no seu pleno direito, rejeitou constituir família, não possui autoridade efectiva para se pronunciar sobre os comportamentos reprodutores das mulheres?
    É bom poder afirmar existirem milhares de fiéis, entre os quais me incluo, que, em consciência, na procura da fidelidade à mensagem evangélica de amor pelo próximo, e ainda na assunção plena de uma cidadania responsável, vão votar "sim" no próximo referendo."

Ana Vicente in Jornal Público, 2/2/2007



  • "O aborto não é uma decisão fácil. Ou a decisão mais feliz. É a decisão que algumas pessoas querem tomar. E a única coisa que está em causa é se se pode usar o Código Penal para as impedir de tomar essa decisão. Na minha opinião, não"

Helena Matos in Jornal Público, 2/2/2007

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