sábado, março 03, 2007

"(…)
Dois amigos meus separaram-se. O amor tinha-se acabado lá em casa. Ficaram amigos e sem ponta de rancor. Apenas decidiram seguir vidas diferentes sem ter de dormir um com o outro. Ele tem uma namorada e ela também se apaixonou, mas nunca contaram um ao outro. Ou seja, viveram juntos dez anos, partilharam cólicas, dores, entusiasmos, um nascimento (!), mas na hora de cada um ir à sua vida não ficou nada para dizer, nem a vontade de partilhar a vida que se segue. Partiu dele esta indiferença, e ela apanhou a mesma boleia. Sabem por amigos que ambos têm agora outras relações, mas nunca ousaram tocar no assunto quando falam ao telefone sobre o filho que têm juntos. O que terá feito com que ele nunca lhe tivesse contado que está apaixonado? O facto de ela conhecer a mulher em questão? Talvez a isto, se chame cobardia. Ou talvez seja só desinteresse. É um arrumar de contas sem puxar muito pela cabeça.
(…)
Não gosto muito de generalizar, por poder ser injusta com as excepções (os excepcionais?), mas, nisto de abrir o coração e falar sem medos, os homens são muito piores do que as mulheres. Os homens vieram com este defeito de fabrico: a intimidade é um fardo. Partilhá - la é aterrador. (…)"
Extracto da crónica da Cidália, Revista NS- 3/3/2007

6 comentários:

Anónimo disse...

Uma curiosidade...
Quem acabou a relação?

étoile disse...

Eu n sei. pergunta à Cidália...os amigos são dela...

Anónimo disse...

Estas coisas da partilha são bem complexas e o fosso entre o modo que cada género (sexual, visto está!) a preconiza é enorme.
A mulher, oralmente expressiva (e ainda bem, em todas as vertentes do que se possa por isto entender!), encara sempre o silêncio embasbacado, o anuir de cabeça do seu parceiro, enquanto esta se desgasta em maratonas de retórica, em que as palavras se atropelam sem a ordem natural da sinalética do diálogo, como, no mínimo, desinteresse pelos seus sentimentos.
Acredito que, apesar de reconhecer que esta dificuldade de partilha possa ser sentida pelas mulheres, muitas das vezes, dadas as diferenças no processo de interior e exteriorização, as mulheres, cujo 6º sentido, a pópulis assegura, não detectam sinais óbvios de alguma interiorização. E a provar isso, na minha vivência, vejo muito mais os homens a moldarem-se, mesmo que silenciosamente à companheira, que as mulheres aos companheiros. Esta não é uma sociedade matriarcal?

Julgo também que as mulheres são pró-sangria… acreditam, como se acreditava na medicina medieval, que só com a exporgação, com o sangramento (da dor, entenda-se) é irá ficar melhor. O homem é diferente.

Qual o melhor? O pior? Não sei, mas são bem diferentes.

étoile disse...

Gostei do seu ponto de vista... e da análise muito realista da diferença entre os géneros.

Anónimo disse...

Exporgação!!! Sorry... Expurgação... :)

Anónimo disse...

Atrevo-me, então, a avançar com uma teoria muito minha, que tenta explicar porque não partilham dois “ex” das suas actuais vidas.

Ora vejamos:

##“Ele” e “Ela” separam-se. Cada um com o seu orgulho ferido, se não for mais nada (nódoas negras, arranhões, etc.). “Ele”, então, fecha-se para não correr o risco de saber que “ela” arranjou já uma nova relação, antes d”ele”. É um período de alguma baixa auto estima para “ele”
.
O Tempo passa e “ele” conhece alguém (a ordem cronológica das novas relações pode não ser esta). Nesta altura, em que poderia até haver alguma partilha com a sua ex, “ele” vê-se consumido em jogos de sedução e conquista, sem os quais não obterá grande atenção (dessa nova “ela”), pelo que simplesmente não arranja tempo para muito mais.

Após este período de conquista, “ele”, que se encontra em estado de graça, numa fase em que a sua nova “ela”, finalmente conquistada, não lhe encontra defeitos, pelo que o tempo d’ele se esgota em cada nova conquista na cama. Nesta altura, poderá haver alguma vontade d”ele” na partilha com a ex “ela”, mas de partilha carnal em que se imagina sultão, deleitado na fusão dos 3 corpos.

Após essa fase tão boa, vem a fase do “Tampo da sanita”, em que juntam os trapos, ou se não o fazem, partilham dois espaços, cada um propriedade de um deles. Esta é a fase em que a nova “ela” se apercebe de que “ele” tem as suas coisitas menos boas, que deixa sempre o tampo da sanita para cima. É a fase em que esta nova “ela” decide que há que mudá-lo nisto ou naquilo. “Ele”, num esforço por (re)aprender a baixar o tampo de sanita, pouco tempo tem para a partilha com a ex“ela”, nem pretende ouvi-la contar que seu novo “ele” é tão bom, que, inclusive, sabe baixar o tampo da sanita. É também a fase da escova de dentes partilhada.

De seguida, vem uma fase em que “ele” pode viver a sua flatulência mais despreocupadamente à beira da nova “ela” (curiosamente já não o pode fazer com a sua ex “ela”). É também a fase em que se alterna entre serões de silêncio e serões de discussões. Nesta altura, “ele” recorre ao ginásio para descomprimir e aos amigos, homens também, para beber um copo e esquecer. “Ele” sabe que mudou, talvez não tanto quanto o que esta nova “ela” pretendia, mas “ele” sente que mudou e não compreende, numa sensação amarga de “deja viu”, porque só ele o consegue sentir. ##


Cada vez me convenço mais que beleza e a inteligência são como azeite e água… são difíceis de se misturar. Lua Branca não me leve a mal. A mulher, sendo bela, pela voluptuosidade nas suas formas, pela suavidade acetinada com que a sua pele nos conforta, pelo seu cheiro, promessa de deleite animal, é isso mesmo, é bela.