sábado, abril 07, 2007

Ausência



Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada,
aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.



Carlos Drummond de Andrade

imagem retirada da net

1 comentário:

GP disse...

Obrigada pela tua visita ao sarrabiscos. Vim dar uma volta pelo teu espaço e achei giro termos ambas este poema numa postagem. É lindíssimo.
Graça Pimentel