Enriquecimento curricular deve ter abordagem lúdica
( no JN de hoje)
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" "A nossa preocupação é garantir que as crianças possam ter as duas horas diárias (de enriquecimento curricular), mas que o trabalho pedagógico seja mais próximo do brincar", disse à agência Lusa Lucília Salgado, docente da Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC) e coordenadora do estudo."
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"No estudo ontem apresentado em Coimbra, durante um encontro internacional subordinado ao tema "Aprender em Tempo de Lazer o Enriquecimento Curricular", os investigadores concluíram que estas actividades devem manter-se, embora com uma nova abordagem pedagógica."
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" "O problema são os tempos de lazer das crianças. Têm 25 horas de aulas por semana, mais dez horas de aulas de enriquecimento curricular, mais trabalhos de casa. É um horário superior a um trabalhador da construção civil", argumentou."
Trata-se, de facto, de uma carga horária exagerada. Mas, não confundamos momentos de aprendizagem e estudo com trabalho efectivo. Quer as 25 quer as 35 horas não são tão intensivas quanto isso... Mas, como mãe e como encarregada de educação concordo que as crianças ( e os jovens também) passam muito tempo longe da família.
Mas, foi precisamente para que se pudesse exigir mais aos pais trabalhadores que se "encontrou" esta "solução" do enriquecimento curricular(?). Ocupam-se as crianças, libertam-se os pais de uma ocupação ( e de uma responsabilidade) e os patrões ficam cada vez mais satisfeitos ( ... que rico socialismo!).
E, quem perde?
São as crianças. É a sociedade futura. É o próprio país. Perdemos todos nós.
As crianças crescem londe do pai, da mãe e dos irmãos. Vivem um dia-a-dia muito pobre em termos afectivos e emocionais, podendo vir a transformar-se em adultos menos felizes e estáveis. Estamos a formar um novo tipo de cidadãos. E, seguramente, não é melhor.
O crescimento harmonioso da criança bem como o seu desenvolvimento emocional equilibrado está posto em causa.
O que me preocupa e nos devia preocupar a todos é isto: o que fazer para que pais e mães tenham mais tempo de qualidade com os seus filhos e os possam ajudar, acompanhar e assistir de facto ao seu desenvolvimento.
Necessitarão estes jovens estudantes de actividades de enriquecimento curricular?
Não!!
Precisam da mãe e do pai e da família.
E, com estes, é que se enriquece verdadeiramente e muito.
Não nos mostrem estudos que justifiquem a necessidade destas 2h diárias de enriquecimento curricular ( não nos atirem mais areia para os olhos) e muito menos que desvirtuem o sentido de estudo responsável pretendendo-as lúdicas. Isto é ridículo.
As crianças não podem aprender sempre a brincar sob pena de formarem uma ideia lúdica da vida e do trabalho. Aprender e estudar são coisas sérias e responsáveis. Ao transformarmos as aprendizagens em actividades lúdicas induzimos em erro as nossas crianças e criámos-lhes a falsa noção de que as coisas são fáceis e divertidas. A vida não é lúdica e muito menos fácil!
Não confundamos as nossas crianças. Corremos o sério risco de as tornarmos cada vez menos aptas, menos conscientes da realidade, menos preparadas, menos responsáveis e cada vez mais longe de se tranformarem em cidadãos autónomos, responsáveis e com competências próprias para opinar e intervir livremente.
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