domingo, novembro 26, 2006

Morreu Mário Cesariny



"Sou um poeta bastante sofrível, um grande poeta numa época em que o tecto está muito baixo", "sem Anteros, Pessanhas ou Pessoas", e em que "o surrealismo foi transformado em museu", afirmou.

Para Cesariny, homossexual assumido, o amor era "um desmesurado desejo de amizade", em que "o outro é um espelho sem o qual não nos vemos, não existimos", e "a única coisa que há para acreditar".



Poeta e pintor tinha 83 anos.

Mário Cesariny de Vasconcelos, nascido em Lisboa a 9 de Agosto de 1923, de pai beirão e mãe castelhana, foi o principal representante do surrealismo português.
O poeta e pintor Mário Cesariny morreu na madrugada deste domingo em sua casa, em Lisboa, cerca das 05h30, aos 83 anos.
Além de poeta, romancista e ensaísta, Mário Cesariny dedicou-se também às artes plásticas, sobretudo à pintura. Nascido em Lisboa a 09 de Agosto de 1923, de pai beirão, negociante de jóias, e mãe castelhana, professora de francês, resolveu, a partir de certa altura, prescindir do apelido paterno e ultimamente gostava de acrescentar a Cesariny o Rossi dos seus antepassados.
Fonte: Sic on-line e público.pt



Faz-me o favor...

Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.

É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és nao vem à flor
Das caras e dos dias.

Tu és melhor -- muito melhor! --
Do que tu. Não digas nada. Sê
Alma do corpo nu
Que do espelho se vê.

de "O Virgem Negra"
(Mário Cesariny)

1 comentário:

Trolha disse...

Muito bonito.
Muito bonito mesmo.
Faz-me lembrar o Pessoa. Vá lá saber-se porquê.