quarta-feira, novembro 29, 2006
terça-feira, novembro 28, 2006
segunda-feira, novembro 27, 2006
domingo, novembro 26, 2006
"Sou um poeta bastante sofrível, um grande poeta numa época em que o tecto está muito baixo", "sem Anteros, Pessanhas ou Pessoas", e em que "o surrealismo foi transformado em museu", afirmou.
Para Cesariny, homossexual assumido, o amor era "um desmesurado desejo de amizade", em que "o outro é um espelho sem o qual não nos vemos, não existimos", e "a única coisa que há para acreditar".
Poeta e pintor tinha 83 anos.
Mário Cesariny de Vasconcelos, nascido em Lisboa a 9 de Agosto de 1923, de pai beirão e mãe castelhana, foi o principal representante do surrealismo português.
Faz-me o favor...
Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.
É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és nao vem à flor
Das caras e dos dias.
Tu és melhor -- muito melhor! --
Do que tu. Não digas nada. Sê
Alma do corpo nu
Que do espelho se vê.
de "O Virgem Negra"
(Mário Cesariny)
E se não conseguires fazer da tua vida o que queres,
então pelo menos tenta,
o mais que puderes; não a menosprezes
no contacto abundante com o mundo,
nas muitas acções e palavras.
Não a menosprezes no vaivém
frequente, expondo-a
à estupidez diária
de relações e amizades
até que se torne um fardo estranho.
Konstandinos Kavafis, 1905.
Tradução de Carla Hilário Quevedo.
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no futuro e nas palavras
mãos que são o canto e são as armas.
E cravam se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre
sábado, novembro 25, 2006
sexta-feira, novembro 24, 2006
CONTRA A HOMOFOBIA
Não esperava ver Saramago e António Vitorino ao lado de Gore Vidal, Salman Rushdie, Tom Stoppard, Edward Albee, Tony Kushner, Russell Banks, Judith Butler, John Patrick Shanley, Martin Amis, Ian McEwan, Dario Fo, Elfriede Jelinek, Richard Sennett, Merryl Streep, Elton John, David Bowie, Edward Norton, Bernardo Bertolucci, Mike Nichols, Dario Fo, Elfriede Jelinek e dezenas de outros escritores, actores, cineastas, políticos, etc., no rol de subscritores desta petição internacional contra a homofobia. Mas ainda bem que os vejo (a eles e aos outros portugueses que lá estão). Quanto ao rapazeco da foto, está mesmo a pedi-las.
posted by Eduardo Pitta at 12:45 AM "
retirado do blog: http://daliteratura.blogspot.com
ver este post em http://daliteratura.blogspot.com/2006/11/contra-homofobia.html#links
Estou, nesta noite cálida, deliciadamente estendido sobre a relva,
de olhos postos no céu, e reparo, com alegria,
que as dimensões do infinito não me perturbam.
(O infinito!
Essa incomensurável distância de meio metro
que vai desde o meu cérebro aos dedos com que escrevo!)
O que me perturba é que o todo possa caber na parte,
que o tridimensional caiba no dimensional, e não o esgote.
O que me perturba é que tudo caiba dentro de mim,
de mim, pobre de mim, que sou parte do todo.
E em mim continuaria a caber se me cortassem braços e pernas
porque eu não sou braço nem sou perna.
(...)
Tudo se passou defronte de partes de mim.
E aqui estou eu feito carne para o demonstrar,
porque os átomos da minha carne não foram fabricados de propósito para mim.
Já cá estavam.
Estão.
E estarão.
António Gedeão
(1906-1997)
Dia Nacional da Cultura Científica
Neste dia assinala-se também o centenário do nascimento de Rómulo de Carvalho (António Gedeão), o professor, poeta e divulgador de Ciência.
Hoje à noite a RTP2 transmite, pelas 23h30min, um Documentário sobre este professor que foi também divulgador científico, poeta, ficcionista, dramaturgo e ensaísta.
Abdel Kareem Nabil Soliman, um bloguer egípcio de 22 anos encontra-se preso pelas autoridades devido a opiniões publicadas no seu blog.
Uma petição online pedindo a sua libertação pode ser assinada aqui.
Mais informação disponível no site Free Kareem!
(Via Blasfémias e Intervenção Maia)
(via Quando Calhário)
quinta-feira, novembro 23, 2006
quarta-feira, novembro 22, 2006
Foto de José Miguel Soares
Não entendo.
Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender.
Entender é sempre limitado.
Mas não entender pode não ter fronteiras.
Sinto que sou muito mais completa quando não entendo.
Não entender, do modo como falo, é um dom.
Não entender, mas não como um simples de espírito.
O bom é ser inteligente e não entender.
É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida.
É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice.
Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco.
Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.
Clarice Lispector
... É INÚTIL?
... é construtor do nosso Eu. Põe em evidência as nossas fraquezas e os mais profundos receios. Derruba as nossas presunções e arrogâncias. Põe em causa tudo aquilo que temos como certo ou seguro.
Remete-nos para um reforço, para uma reconstrução. Força-nos a uma reorientação, a uma reactivação e, por vezes, a admitir arrependimento e a assumir que, de facto, devemos arrepiar caminho e enveredar por um outro com outra certeza, com outra convicção, com renovada força e vigor. A maturação depende do sofrimento e com ele CRESCEMOS.
Amanhã...
O espectáculo intitulado «Esta cidade não é uma cidade é um vício», e marca o fecho da temporada de 2006, que trouxe ao TCA mais de 2100 amantes/pagantes de poesia e cerca de 100 convidados de todas as áreas de expressão artística, em sessões sempre esgotadas.
O regresso de Jorge Sousa Braga ao Campo Alegre, três anos e meio depois do êxito de «De manhã vamos todos acordar com uma pérola no cu», é marcado pela presença de um leque invejável de artistas convidados que abrilhantarão a sessão.
A poeta e jornalista Filipa Leal conversará com Sousa Braga. As leituras ficarão a cargo do consagrado grupo de choque COPO (Nuno Moura e Paulo Condessa) e do novíssimo LUPA (Adriana Faria e Daniela Dias Carvalho), em estreia absoluta no TCA. Leituras esquisitas para todos os gostos, encimadas pelo talento fotográfico de Mafalda Capela, responsável já pela imagem nas sessões com António Mega Ferreira e Pedro Mexia.
A sessão abre com um momento de dança protagonizado por Diana Rego, acompanhada ao vivo pela musicalidade da cítara de Marc Planells.
O fim da festa será assegurado pelo grupo Bulllet, constituído por Armando Teixeira (teclas e programação) e pelas vozes de Lili e Sandra New - um projecto de hip hop instrumental, onde o easy listening, o jazz, o soul e o funk representam papéis mais ou menos importantes numa narrativa muito própria.
«Para o ano há mais», promete o programador do ciclo, João Gesta, para quem a frase de Rimbaud «terrivelmente teimo em adorar a liberdade livre» continuará a ser a sua bandeira e o lema das «Quintas de Leitura».
A Vida ao ritmo do Sonho, num ciclo perto do seu coração! «Esta cidade não é uma cidade é um vício» é também uma homenagem ao nosso querido Porto que se assumirá sempre como uma cidade forte e culturalmente de vanguarda.
fonte: www.portoxxi.com/agenda
Teatro do Campo Alegre
Rua das Estrelas, s/n 4150-762
Porto Tel: 226 063 000
INTERROGAÇÃO
Pintura de Ana Marques
Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.
Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do Cântico dos Cânticos.
Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de Inverno.
Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.
Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.
Camilo Pessanha
Message found in a coca cola bottle
Lembro-me dum tempo em que queria mudar o mundo e andava pela vida, pelo seu início, tal qual um cavaleiro medieval, em permanentes gestas bravas e generosas.
Nesse tempo eu era bem maior do que o próprio mundo e a vida, essa, era eterna.
Hoje a minha luta é para que o mundo não me mude a mim, não me quebre de vez e subjugue.
Hoje sei que a vida, essa, é finita, já quase está passada e que eu sou bem mais pequeno que a mais pequena coisa do mundo.
O que me resta: continuar a ser e a fazer, apenas porque tem que ser.
A maturidade é o funeral da ilusão. Haja espaço, ainda, para o sonho.
(retirado do bocadecena)
terça-feira, novembro 21, 2006
Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido
uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.
Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projeções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos,por todos os filhos que
gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados,
pela eternidade.
Sofremos não porque
nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe
é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que
poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada
em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras
nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e
nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.
Carlos Drummond de Andrade
Cada crise apresenta-nos dois elementos, perigo e oportunidade. Sejam quais forem as dificuldades das circunstâncias, independentemente do perigo da situação…. Na essência de cada crise encontra-se uma tremenda oportunidade.
O segredo está em saber encontrar a oportunidade em cada crise.
segunda-feira, novembro 20, 2006
Quero lhe implorar
Para que seja paciente
Com tudo o que não está resolvido em seu coração e tente amar.
As perguntas como quartos trancados e como livros escritos em língua estrangeira.
Não procure respostas que não podem ser dadas porque não seria capaz de vivê-las.
E a questão é viver tudo.
Viva as perguntas agora.
Talvez assim, gradualmente, você sem perceber,
viverá a resposta num dia distante.
Rainer Maria Rilke
(1875-1926)
domingo, novembro 19, 2006
Egipto: Ministro da Cultura considerou véu retrógrado
Oitenta deputados do parlamento egípcio, da maioria à oposição islamita, exigiram este domingo um debate parlamentar sobre declarações do ministro da Cultura, Faruk Hosni, que considerou o uso do véu retrógado.
Hosni, que assume a pasta da Cultura há 20 anos e é considerado próximo de Suzanne Mubarak (mulher do presidente Hosni Mubarak), que não usa véu, lamentou que se assista no Egipto a um «recuo» nesta matéria.
«As mulheres com as suas belas cabeleiras assemelham-se a flores. Não é preciso escondê-las dos outros», afirmou, considerando que «nos nossos dias, a religião preocupa-se muito com as aparências».
Esta opinião foi imediatamente denunciada pelos islamitas como uma blasfémia e uma cedência ao Ocidente. «Ele tenta atingir as bases da nação muçulmana», disse Mohamed Habib, n úmero dois dos Irmãos Muçulmanos, o principal grupo da oposição.
Depois de 30 anos de reislamização, sob influência wabita, as mulheres sem véu no Egipto são actualmente sobretudo cristãs coptas, um grupo muito minoritário.
Fonte:Diário Digital / Lusa 19-11-2006
Crucifixos fora das salas de voto
A Associação Cívica República e Laicidade escreveu à Comissão Nacional de Eleições, pedindo a retirada de crucifixos das assembleias de voto, no referendo sobre a despenalização do aborto. Muitos dos locais de voto são salas de aula que ostentam crucifixos e a associação considera que isso constitui uma forma de propaganda pelo "Não". (retirado do Jornal Sol de 18/Nov/2006)
Mas...eu diria que...
... sendo Portugal um estado laico nem lá deveriam estar!
Devíamos pedir que fossem pura e simplesmente retirados de todas as salas de aula.
É estranho andar na neblina!
Solitários arbustos e pedras,
As árvores não se vêem,
Todos estão sozinhos.
Um mundo repleto de amigos
Quando a vida me era leve;
Agora desceu a neblina,
E não vejo mais ninguém.
Na verdade não é sábio
Quem as trevas desconhece,
Aquelas que, inescapáveis e silenciosas.
Dos outros o separam.
É estranho andar na neblina!
A vida é solidão.
Nenhum de nós conhece os outros,
Todos estamos sozinhos.
(1906)
sábado, novembro 18, 2006
Retrato de Mao por Andy Warhol
bate recorde em leilão
Um retrato de Andy Warhol do líder comunista chinês Mao Tse-Tung foi vendido na quarta-feira por 17,376 milhões de dólares (13,5 milhões de euros) num leilão em Nova Iorque, estabelecendo um recorde mundial para o rei da pop art.
Fonte:Diário Digital
Eliane Elias
Nascida no Brasil, radicada em Nova Iorque, esta pianista e cantora apresenta neste seu último trabalho temas cantados em Inglês e em Português com uma enorme sensualidade.
Uma voz extremamente melodiosa que nos convida a ritmos latinos e brasileiros aliados à sensualidade do Jazz.